Brasília amanheceu nesta terça-feira (29), ocupada por vozes da classe trabalhadora. Centrais sindicais, trabalhadores(as) de diversas regiões do país, ministros(as) e parlamentares participaram da Plenária e Marcha da Classe Trabalhadora, organizada pela CUT e demais centrais sindicais, que culminou na entrega de uma pauta unificada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
O ato iniciou às 8h, com concentração no estacionamento do Teatro Nacional, seguido de uma plenária e marcha rumo ao Congresso. A mobilização antecede o 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores(as), e cobra ações concretas para avançar em conquistas históricas, como a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda.
Ministros destacam unidade e enfrentamento ao conservadorismo
Os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) participaram da mobilização ao lado de deputados federais do PT. Marinho enalteceu a presença da sociedade civil organizada e ressaltou a importância de pressionar o Congresso pela aprovação de medidas como a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil, prevista para 2026. A proposta, encampada por Lula, beneficiaria 90% dos contribuintes e seria compensada com a tributação dos super-ricos.
“O Brasil vive sua menor taxa de desemprego, mas é preciso seguir gerando emprego e renda, elevando salários. Essa é uma luta por distribuição de renda e por justiça social”, declarou o ministro, convocando a população a pressionar seus representantes no Legislativo.
Márcio Macêdo reforçou a dimensão política da marcha: “Essa é uma luta por valores civilizatórios — igualdade, justiça social, liberdade. É uma marcha contra o fascismo e a intolerância. Estamos do lado certo da história”. Ele também destacou reivindicações como o fim da jornada 6×1, a valorização do serviço público e o fortalecimento da agricultura familiar.
CUT e centrais sindicais entregam pauta ao governo e ao Congresso
A marcha deste ano retoma uma tradição iniciada em 2004, que ao longo das últimas duas décadas resultou em conquistas como a política de valorização do salário mínimo e a Lei da Igualdade Salarial. A pauta entregue nesta terça inclui:
- Correção da tabela do Imposto de Renda, com isenção até R$ 5 mil;
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
- Fim da escala 6×1;
- Valorização do serviço público e da agricultura familiar;
- Combate à precarização e pejotização das relações de trabalho.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), destacou que as propostas apresentadas são “civilizatórias” e fundamentais para enfrentar a precarização e garantir dignidade ao trabalhador. “É preciso que trabalhador vote em trabalhador. Se votar no patrão, continuará perdendo direitos.”
O deputado Vicentinho (PT-SP), ex-presidente da CUT, reforçou a importância da unidade sindical e da pressão sobre o Parlamento. “Somos maioria no Brasil, mas minoria no Congresso. Só com mobilização vamos avançar.”
Ao final da marcha, os presidentes das centrais sindicais foram recebidos pelo presidente Lula para debater os pontos da pauta. A expectativa é que parte das reivindicações tenha desdobramentos já nos próximos meses, reforçando a importância do diálogo entre governo, trabalhadores e sociedade.
Foto: Confetam