A 17ª Plenária Estadual da CUT-SC reuniu, nos dias 15 e 16 de agosto, em Florianópolis, cerca de 250 trabalhadores e trabalhadoras de todas as regiões do estado. O encontro foi marcado por dois dias de debates, análises e importantes deliberações voltadas à organização e à luta da classe trabalhadora diante dos novos desafios do mundo do trabalho.
Abertura e análise de conjuntura
Na sexta-feira (15), a abertura contou com uma mística emocionante que reforçou a campanha pela liberdade de Sônia Maria de Jesus. Em seguida, lideranças sindicais, políticas e sociais ressaltaram a importância da plenária para o fortalecimento da luta coletiva.
Entre os convidados estiveram Rodrigo Timm, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); o deputado estadual Fabiano da Luz; Ideli Salvatti, ex-senadora e representante do Instituto Humaniza SC; e Crystiane Peres, supervisora do Escritório Regional do DIEESE em Santa Catarina. Representando a CUT Nacional, participaram Rosane Bertotti, secretária de Formação; Juvandia Moreira, vice-presidenta; Valeir Ertle, secretário de Assuntos Jurídicos; e Renê Munaro, diretor.
A presidenta da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, destacou que o tema central da plenária, “Novos tempos, novos desafios”, reflete o contexto político e econômico atual do país. Ela também lembrou que o processo de construção do evento passou por plenárias regionais, garantindo a participação da base. O coordenador adjunto, Cleverson de Oliveira, fez a declaração oficial de abertura.
A primeira mesa do dia reuniu Juvandia Moreira (CUT Nacional), Adriana Marcolino (DIEESE) e Lauro Mattei (UFSC) para uma análise de conjuntura. Juvandia defendeu uma agenda de justiça fiscal com taxação dos mais ricos e fortalecimento da organização sindical. Adriana destacou a complexidade da conjuntura econômica, criticando a política de juros altos e a inflação alimentada por distorções estruturais. Já Mattei apresentou dados sobre Santa Catarina, alertando para o aumento da pobreza no estado e a necessidade de políticas públicas que enfrentem desigualdades sociais.
À tarde, os participantes se dividiram em grupos de trabalho para discutir estratégias e apresentar propostas de emenda ao texto-base do plano de lutas da CUT, que será levado à plenária nacional.
Comunicação, desafios e deliberações
No sábado (16), a programação foi marcada por intensos debates e deliberações. A manhã começou com a participação do jornalista Leandro Demori, que trouxe uma análise sobre os desafios da comunicação para a esquerda no cenário de concentração de poder das big techs.
Demori destacou que empresas como Twitter, Meta e Google se tornaram indústrias globais cujo objetivo central é o controle da informação em escala mundial, criando barreiras para movimentos populares e organizações sociais. Ele alertou para os riscos da dependência tecnológica, lembrando vulnerabilidades já expostas em episódios como a Operação Lava Jato. Apesar das dificuldades, reforçou que a esquerda não pode abandonar esses espaços: “Estamos brigando dentro de um lugar que não é nosso e onde não somos bem-vindos, mas não podemos desistir. Precisamos explorar as contradições da extrema direita, que hoje são pouco enfrentadas”, afirmou, sendo aplaudido pela plenária.
Na sequência, os delegados e delegadas debateram e aprovaram emendas ao plano de lutas e à estratégia estadual e nacional da CUT, com ênfase no fortalecimento da formação política, da organização da base e do financiamento sindical.
Um dos momentos mais simbólicos do dia foi a aprovação das mudanças estatutárias que criaram as Secretarias de Economia Solidária e LGBTQIA+, celebradas com um ato emocionante em defesa da diversidade e dos direitos humanos. Essas novas secretarias terão seus primeiros dirigentes eleitos no próximo congresso.
A plenária também aprovou alterações na Direção Estadual da CUT-SC, combinando renovação e continuidade. Entre as mudanças, Amanda Vieira Vingla assumiu a vice-presidência no lugar de Juçara Rosa Silva; Carolina de Matos passou a ocupar a Secretaria da Mulher Trabalhadora, sucedendo Rosemeri Miranda Prado; e Sanção Souza Ferreira assumiu a Secretaria de Políticas Sociais e Direitos Humanos. Outras mudanças envolveram a Secretaria de Saúde do Trabalhador, de Organização Sindical, de Assuntos Jurídicos e a Secretaria Executiva.
Encerrando os trabalhos, foi eleita por aclamação a delegação catarinense que representará a CUT-SC na Plenária Nacional da CUT, construída de forma unitária entre as diferentes forças políticas do estado.
Força e unidade da classe trabalhadora
Com dois dias de intensas discussões, análises e conquistas, a 17ª Plenária Estadual da CUT-SC reafirmou seu papel como espaço de construção coletiva, resistência e mobilização da classe trabalhadora em Santa Catarina. O encontro demonstrou a força da unidade sindical e reforçou o compromisso da Central com a democracia, os direitos sociais e a luta por um Brasil mais justo e igualitário.
Foto: CUT/SC